terça-feira, 19 de abril de 2011

O "saber".

Saber-se ser no "saber",
O que é ter ou viver,
O que não é ter ou viver,
O que é ilustre, distinto,
O que é desprezível e miserável,
De uma história de amor,
De uma pena de vida frívola,
O "saber" de todo um pensar acabado, enfadado,
Tão inútil e ridículo como um dito passado,
Porque se "sabe", se conhece,
Se sobrepõe, se é,
Como um leviano fim,
De mim, de outrem,
De tudo o que se "sabe",
Porque "saber" não é poder, nem vencer,
É perder.

domingo, 3 de abril de 2011

O relembrar do medo.

  Relembrar-te-ás da diáfana denominação do medo, do esgar de um grito húmido e fétido. Relembrar-te-ás do sarcasmo ludíbrio desprezando a ânsia da morte. Da mágica sedução aparente, pois do sufoco sufocado pelo osso esqueléctico do paradoxismo, morre a escuridão. Relembrar-te-ás do passo apressado da passadeira sangrenta animal e de todo aquele espectáculo frívolo e volúvel que apenas nos iludirá a ficções persuasivas de quietude. Remendar-se-ia a boca pálida e purpurear-se-ia o grémio voluptuoso. E relembras-te-ias do sacríficio arrebatador do medo.
  A obstipação, a exaustão, o degradado exagero, a magnitude, o sarcófago, a penitência a actos libidinosos, o caos, a destruição, a sensatez inabordável e, por fim, o derradeiro desfecho da lâmina na carne.
  Relembrar-te-ás então do medo de não ter nada, do medo de ter tudo. Do medo que sonha prazeres com prazeres e com prazeres sonhados. Que se lhe não dá a pena perdida no tempo crucialmente moldada ao corpo esfaqueado de excitação.
  Relembras-te-ias do medo da perda da alma erudita.

  Que quereis, oh Medo?
  Que depois de postergares por longes mundos urdidos,
  Fruistes tu de condenar,
  Os inimizados corpos perdidos?




  Por Evd.